Projeto de lei quer impedir teles de cobrarem fair share de big techs

Operadoras querem que plataformas de conteúdo, como redes sociais e serviços de streaming, paguem a mais por tráfego intenso de dados

Projeto de lei quer impedir teles de cobrarem fair share de big techs

]]> Ilustração com as marcas do TikTok, Instagram e WhatsApp. Ela mostra um emoji furioso e um velocímetro chegando perto do limite.
Claro, TIM e Vivo apoiam fair share (Ilustração: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Um novo projeto de lei pretende proibir que provedores de internet e operadoras de telecomunicações cobrem provedores de conteúdo pelo uso das redes, tarifa conhecida como fair share. O texto argumenta que tal obrigação entraria em conflito com os princípios do Marco Civil da Internet.

O PL 469/24 é de autoria do deputado federal David Soares (União-SP). Ele argumenta que o fair share vai contra o princípio de neutralidade da rede, estipulado pelo Marco Civil. Segundo este princípio, os provedores têm que dar o mesmo tratamento a qualquer tipo de tráfego de dados, sem diferenciar por conteúdo, origem, destino ou volume. Cobrar a mais de algumas empresas, portanto, seria ferir este princípio.

Deputado David Soares
Deputado David Soares é o autor da proposta (Imagem: Bruno Spada / Câmara dos Deputados)

O projeto segue para as comissões de Comunicação e de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ). Ele será analisado em caráter conclusivo — caso seja aprovado por estas comissões, segue diretamente para o Senado, sem precisar ser votado na Câmara.

Operadoras querem que big techs paguem mais

O fair share é uma proposta das operadoras de telecomunicações. Elas entendem que grande parte do tráfego da internet vem de um pequeno número de empresas gigantes, como redes sociais e serviços de streaming.

Os provedores veem aí uma distorção. As big techs estariam usufruindo da infraestrutura e ganhando dinheiro com isso, sem dar nenhuma contribuição. O fair share entraria em cena para fazer empresas como Google, Meta e Netflix, para dar alguns exemplos, pagarem mais pela rede, financiando a construção e a manutenção das redes.

YouTube e Netflix na tela
YouTube e Netflix poderiam ser tarifados por uso excessivo (Imagem: yousafbhutta / Pixabay)

Na Europa, o assunto não vingou: após consulta pública, só as empresas de telecomunicações ficaram a favor da ideia. No Brasil, o tema vem sendo debatido com mais frequência desde 2023. Algar, Claro, TIM e Vivo assinaram uma carta aberta, publicada no MWC 2024, pedindo políticas públicas que levem as big techs a contribuírem financeiramente.

Críticos da proposta, como a Internet Society (Isoc) e o Instituto Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro (ITS-Rio), chamam o fair share de “pedágio da internet”. A ideia de que as big techs não contribuem para a rede também é discutível, já que elas fazem investimentos em estruturas como cabos submarinos e redes de distribuição de conteúdo.

A Agência Nacional de Telecomunicações tem algumas hipóteses para a questão, mas medidas concretas só devem vir em 2025, depois de mais discussões com os envolvidos.

Enquanto isso, as operadoras brasileiras tomam outras medidas para tentar frear o uso da rede pelas gigantes. Elas estão deixando de oferecer o chamado zero rating, nome dado à franquia ilimitada para certos aplicativos, geralmente de mensagens ou redes sociais. Claro e TIM estão encerrando ofertas do tipo, e a Vivo não comercializa planos com redes sociais ilimitadas, exceto WhatsApp.

Com informações: Câmara dos Deputados

Projeto de lei quer impedir teles de cobrarem fair share de big techs


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Fonte: https://tecnoblog.net/noticias/projeto-de-lei-quer-impedir-teles-de-cobrarem-fair-share-de-big-techs/
Projeto de lei quer impedir teles de cobrarem fair share de big techs Projeto de lei quer impedir teles de cobrarem fair share de big techs Reviewed by MeuSPY on março 27, 2024 Rating: 5

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