Um relatório publicado hoje (8) pelo Imperial College de Londres, com foco no Brasil, recomenda ações mais severas para conter o surto do novo coronavírus. Os pesquisadores afirmam: "Mesmo que a epidemia brasileira ainda seja relativamente nascente em escala nacional, nossos resultados sugerem que mais ação será necessária para limitar sua expansão e evitar a sobrecarga do sistema de saúde”.
Foram analisados os impactos das medidas de prevenção, adotadas em 16 estados brasileiros afetados pela Covid-19. A análise questiona se os esforços estão sendo suficientes: "Não está claro ainda se foram eficazes para reduzir a transmissão do vírus no país. Os casos relatados mais que dobraram nos últimos dez dias e demonstram pouco sinal de arrefecimento", dizem os pesquisadores.
Eles estimaram a proporção da população infectada nos 16 estados. No Amazonas a situação é bem grave, lá o número chega a 10%. Nos outros estados com um alto número de casos, São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e Pernambuco, essa taxa se encontra entre 3% e 4%.
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Segundo cientistas, para controlar definitivamente a epidemia, é necessário que mais de 60% da população de determinada região tenha adquirido imunidade ao vírus, o que ainda está longe de acontecer no Brasil.
“É importante notar, contudo, que continua difícil estimar a extensão em que as mortes estão subnotificadas. Consideramos, portanto, vários cenários diferentes na nossa análise. Embora diferenças nessas hipóteses alterem as estimativas quantitativas, elas não alteram as conclusões qualitativas sobre o impacto das intervenções de controle, e sobre a proporção da população infectada até agora estar aquém do limiar necessário para a imunidade de rebanho", afirmaram os pesquisadores da Imperial College de Londres.
Eles avaliaram o cmoportamento do indicador usado pelos epidemiologistas para acompanhar a velocidade de contágio, chamado de "número de reprodução", ou simplesmente R. O número corresponde à medida de pessoas a quem cada infectado transmite o vírus.
“Um número de reprodução acima de 1 significa que a epidemia não está ainda controlada e continuará a crescer”, afirmam os cientistas. No caso do Brasil, eles avaliam que o R caiu 54% do patamar original, estimado em torno de 3 e 4. "Reduções substanciais no número de reprodução médio já foram alcançadas por meio das intervenções", disseram.
Apesar do esforço e das medidas de restrição, seus impactos ainda não foram suficientemente grandes. "Os resultados mostram que até agora as reduções na mobilidade não foram rigorosas o bastante para reduzir o número de reprodução abaixo de 1. Essa tendência está em franco contraste com outras epidemias de Covid-19 na Europa e na Ásia, onde quarentenas forçadas reduziram com sucesso o número de reprodução", disseram os pesquisadores.
Estado | Proporção de infectados (taxa de ataque, em %) | Número de reprodução (R) |
SP | 3,3 | 1,47 |
RJ | 3,35 | 1,44 |
CE | 4,46 | 1,61 |
PE | 3 | 1,32 |
AM | 10,6 | 1,58 |
PA | 5,05 | 1,9 |
MA | 2,07 | 1,55 |
BA | 0,4 | 1,37 |
ES | 2,24 | 1,57 |
PR | 0,25 | 1,16 |
MG | 0,13 | 1,3 |
PB | 0,64 | 1,23 |
AL | 1,2 | 1,27 |
RS | 0,42 | 1,44 |
RN | 0,56 | 1,18 |
SC | 0,23 | 1,14 |
Fonte: Imperial College London
Os cientistas concluem dizendo que se o Brasil não estabelecer novas medidas de controle, que reduzam a transmissão, o país vai sofrer com uma epidemia que continuará crescendo exponencialmente.
Via: G1
Fonte: https://olhardigital.com.br/coronavirus/noticia/covid-19-estudo-britanico-recomenda-mais-restricoes-para-o-brasil/100522
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