Como as ferramentas de Machine Learning podem proteger dispositivos móveis de ataques cibernéticos

Antes de começarmos a falar sobre como as ferramentas de Machine Learning operam em dispositivos móveis, temos que deixar claro dois conceitos que, por muitas vezes, se confundem.

O primeiro se refere ao Mobile Device Management (MDM), responsável pelo gerenciamento do dispositivo móvel de um modo geral. O MDM tem a capacidade de exercer desde o controle de aplicações que são instaladas no dispositivo, até aplicar políticas impossibilitando que o usuário acesse redes Wi-Fi sem nenhuma segurança, por exemplo. Já o segundo conceito que apresento é o Mobile Threat Defence (MTD), responsável pela proteção contra ameaças em dispositivos móveis.

Há uma tendência no aumento do número de ameaças cibernéticas desenvolvidas e lançadas no mercado, que vão desde capturar dados do usuário, até comprometer totalmente o dispositivo. Tal acesso completo do dispositivo inclui a capacidade de administrar fotos, e-mails, dados de todo tipo, ligar a câmera frontal, o microfone, ou seja, obter o controle total do aparelho de forma remota.

Apesar de se tratar de duas coisas distintas, vamos comparar a Machine Learning com os antivírus tradicionais para estabelecermos a principal diferenciação. Os antivírus tradicionais utilizam ferramentas que exigem um alto poder computacional e que consomem a memória do dispositivo o tempo inteiro, característica que um aparelho móvel não possui. É complexo, portanto, carregar uma lista de assinaturas em um dispositivo móvel e utiliza-la durante todo o tempo. Isso, praticamente, impediria o funcionamento de um celular ou tablet. Neste sentido, podemos afirmar que a utilização de uma ferramenta de Machine Learning se torna quase que obrigatória quando se trata de proteger dispositivos móveis contra ameaças cibernéticas.

É importante também ressaltar que a engine de uma Machine Learning seja local, sem a necessidade de acessar a nuvem frequentemente. Há ferramentas que realizam essa consulta na nuvem constantemente, o que consome boa parte do pacote de dados. Por outro lado, o mercado já dispõe de soluções que podem ser instaladas diretamente no dispositivo, realizando toda a análise referente à segurança das conexões. Dessa forma, a principal razão para que uma engine de Machine Learning seja local ocorre por causa da maior proteção oferecida ao dispositivo móvel, quando o mesmo se encontra em um lugar sem acesso à internet via rede 4G, por exemplo.

Um ataque bastante utilizado, atualmente, é a utilização de Rogue Access Point (Rogue AP), quando se conecta um dispositivo móvel a uma rede aberta. Imagine uma situação em que um sujeito frequenta um café que tenha uma rede aberta Wi-Fi chamada “Café X”. Um Rogue AP permite que se coloque uma outra rede aberta com o mesmo nome e, ao invés de se conectar à rede de origem, o sujeito se conecta ao Access Point falso. Assim, caso esta pessoa acesse o site de seu banco pelo celular, o Rogue AP pode redireciona-la para outro site que tem a capacidade de identificar que o acesso advém de um dispositivo móvel e, assim, carregar um arquivo que irá comprometer o dispositivo e, portanto, ter acesso completo e remoto do aparelho.

Através de uma técnica relativamente simples, um Rogue AP consegue ter acesso a comandos remotos como, por exemplo, a gravação do microfone, gerenciar a câmera frontal, acessar fotos, fazer uma conexão remota de outro site que vai permitir um novo ponto de acesso. E essa é só uma das formas que existe, atualmente, de ataque dentro de um dispositivo móvel que uma ferramenta de Machine Learning tem capacidade de identificar e fornecer gerenciamento e proteção. O maior risco que se pode correr, hoje em dia, é justamente este. Ter dados corporativos invadidos, porque basta ser atacado uma vez e o invasor terá acesso a todo tipo de dado e poderá usá-lo de diversas formas e em vários momentos.

O usuário que tem o dispositivo corporativo (COPE – Corporate Owned Personally Enabled) pode ser gerenciado pela empresa para desenvolver o trabalho proposto. Já nos casos de dispositivo BYOD – Bring Your Own Device, o interessante é que a empresa tenha acesso ou gerenciamento apenas às informações corporativas. E a responsabilidade por baixar aplicativo ou arquivos é toda do usuário. Assim, como um antivírus não interfere em nada na privacidade e autonomia, a ferramenta de MDM também poderia não interferir nesse tipo de conduta pessoal.

A empresa tem acesso e consegue gerenciar os dados corporativos presentes nos dispositivos móveis dos funcionários. Tal prática é chamada de “containers”, que são criados dentro do telefone, tornando-o um ambiente seguro para que o usuário acesse informações corporativas. Caso o dispositivo móvel seja comprometido, a empresa tem condições de apagar esse container, protegendo os dados corporativos.

Já no caso de proteção contra ameaças, uma ferramenta de Machine Learning funciona como um engine de anti-malware. É como se fosse um antivírus que não influencia em nada na questão da privacidade do usuário. Atualmente, a maioria das ferramentas MDM e MTD agem de forma separadas, mas a tendência é que caminhemos para o melhor dos mundos, em que ferramentas de gerenciamento e de proteção atuem em conjunto, uma gerindo o funcionamento da outra.

*Por Gustavo Suzuki, diretor técnico da NetSafe Corp

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Como as ferramentas de Machine Learning podem proteger dispositivos móveis de ataques cibernéticos Como as ferramentas de Machine Learning podem proteger dispositivos móveis de ataques cibernéticos Reviewed by MeuSPY on outubro 29, 2019 Rating: 5

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