Para reduzir o mal-estar que o calor proporciona nos lugares abertos, o Catar encontrou uma solução: implantar ar-condicionados externos no lado de fora de estádios, restaurantes e shoppings.
Assim como outros vizinhos do Oriente Médio, o país enfrenta ondas de calor extremamente fortes. Decorrentes do aquecimento global e do aumento da urbanização em grandes cidades como Doha, as temperaturas altas já afetam a vida dos habitantes e hoje em dia são risco de vida.
No lado de fora estádio Al Janoub, repórteres do The Washington Post vivenciavam os 46,7ºC enquanto o especialista em ar condicionado Saud Ghani declarava que o ar parecia “como se Deus tivesse apontado um secador de cabelo gigante”.
Porém, o Catar pode até esfriar seus estádios, mas não todo o país. As ondas de calor, que já são motivos de alertas para moradores evitarem ficar expostos ou realizar atividade física ao ar-livre por muito tempo, se tornaram mais preocupantes com as preparações para a Copa do Mundo de 2022, que será sediada pelo país. A iminente chegada de turistas, aliada com os possíveis conglomerados de milhares de fãs de futebol circulando em estágios e metrôs, fizeram as autoridades temerem possíveis desidratações e até mortes. Assim, a Copa do Mundo foi adiada para novembro, época de inverno.
Mesmo assim, estar no inverno não significa temperaturas agradáveis para se aproveitar o ar livre sem algum desconforto. Por isso Saud Ghani, professor de engenharia da Universidade do Catar, projetou o sistema no estádio de Al Janoub por meio de saídas de ar condicionado localizadas na altura dos tornozelos das pessoas.
O Catar é um dos lugares mais quentes na Terra, que já chegou a marcar 50,4ºC nos termômetros em 2010. Agora, com a chegada dos aparelhos foi encontrada uma medida paliativa para manter a saúde e o bem-estar das pessoas: “Se você desligar os aparelhos de ar condicionado, será insuportável. Você não pode funcionar efetivamente”, diz Yousef al-Horr, fundador da Organização do Golfo para Pesquisa e Desenvolvimento.
Esta 'solução' é paliativa por ser parte de um ciclo vicioso: emissões de carbono criam o aquecimento global, que aumenta o desejo por ar condicionados, que por fim, cria a necessidade de queimar mais combustíveis que emitem mais dióxido de carbono (CO2). No Catar, a capacidade de resfriamento externo é esperada para dobrar de 2016 para 2030, de acordo com o Conferência Internacional de Refrigeração & Aquecimento Distrital.
Até o pequeno grupo de ativistas climáticos do Catar simpatiza com os resfriadores. Questionado sobre os aparelhos de ar condicionado ao ar livre, Neeshad Shafi, diretor executivo do Movimento Juvenil Árabe do Catar, disse: “Isso é sobrevivência. Está muito quente. Essa é a realidade."
Por enquanto, o Catar já é o maior emissor per capita de gases de efeito estufa, segundo o Banco Mundial - quase três vezes mais que os Estados Unidos e quase seis vezes mais que a China. Cerca de 60% da eletricidade do país é usada para refrigeração e, por outro lado, a demanda por ar condicionado responde por apenas 15% da demanda de eletricidade dos EUA e menos de 10% da da China ou da Índia.
O rápido desenvolvimento urbano no Oriente Médio pode tornar algumas cidades inabitáveis nos próximos anos. “Estamos falando de um aumento de 4 a 6 graus Celsius em locais que já vivem altas temperaturas”, afirmou Mohammed Ayoub, diretor de pesquisa sênior do Qatar Environment and Energy Research Institute.
Zeze Hausfather, cientista climático na Berkley Earth - um grupo de análises de temperatura sem fins lucrativos - afirma que as mudanças climáticas no Catar “podem nos dar uma noção do que o resto do mundo pode esperar se não realizarmos ações para reduzir nossas emissões de gases de efeito estufa”, afirmou.
Via: The Washington Post
Fonte: https://olhardigital.com.br/noticia/catar-utiliza-ar-condicionado-ao-ar-livre-para-enfrentar-calor-de-50-c/91773
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